O ciclo do tempo e o apreciar da vida

Tenho um amor pela música que me acompanha desde menina. Cantava pequenina inspirada pela avó e mãe afinadas que tive a sorte de ter. Cantava embalada pelo amor do meu pai pela música e a vitrola que tinha destaque na sala de casa. Pela vitrola passaram tantos nomes. Milton, Mercedes Sosa, Gal, Gil, Chico, Música Clássica e tantos mais.  O amor cultivado pelos meus me invadiu, frutificou e multiplicou em tantos mais. O ritual da vitrola e disco que arranhava e a agulha que acabava foi substituído pelo CD e  a música deixou de ser palpável para ser presença na nuvem e aplicativos. 

A mesma música que uniu as gerações também uniu a mim e a minha filha, mas ela nunca soube o que é esperar pela chegada de um disco,  passar algumas horas fazendo a seleção das faixas e gravar na fita cassete para poder escutar a sua seleção no carro.  

Tantas tardes escutando discos e decorando letras e contando o dinheirinho para adquirir o disco desejado. Esperando o disco chegar na loja, esperar para escutar a música na minha casa e ser dona daquele espaço de sonho.

E de repente, nesse fim de semana, vem da minha filha o pedido para a compra de uma vitrola. E no embalo paramos em uma feira para a compra de discos.

Confesso que no primeiro momento, me senti irritada de estar voltando no tempo. Afinal, foi ela que me convenceu a deixar de ter músicas e ir para o Spotify.

Sou tão apegada a música que minha riqueza é tê-las. E de repente me senti traída. Eu que havia desapegado por influência dela, vi ela voltando a ser como eu era.

Mas depois do primeiro impulso sentimental meu coração ficou aquecido porque a vi desfrutar o ritual musical do disco. O de tirar um tempo e viver a música. O ritual que uniu tantas gerações estava lá através da música.

Nossa música e cultura tem tanta gente a ser celebrada e o que precisamos entender é que  a arte nos une como povo e como gerações.

Precisamos celebrar a cultura que desperta em nós os sonhos, os sentimentos. Com música nos transportamos e independente do tempo que vivemos nos unimos com os nossos queridos, mesmo os que aqui não mais estão.

Hoje, senti que mesmo quando aqui eu não estiver mais, no ritual da música estarei junto com minha filha.

Que esse mundo compreenda que a arte nos une, nos leva a ser mais e nos aprimora.

Que a arte nos leva a amar e a sonhar livremente.

Obrigada aos artistas que nos inspiraram cotidianamente e nos levam a uma vida mais feliz. Pelo menos a minha é.

Obrigada Lara. Minha vida contigo é muito mais rica e feliz!

Obrigada por me dar esperanças da renovação da vida e do amor.

Gentileza comigo mesma

Domingo, verão, dia de calor intenso. Fui a praia. Minha caminhada cotidiana que me leva ao meu programa preferido.

Antes de sair de casa, me arrumo, arrumo minha bolsa ( minha bolsa de praia esta preparada para um dia de cuidado na praia, nada demais para você mas fundamental para mim), havaianas no pé, abro o aplicativo de música, escolho as minhas músicas preferidas e começo minha caminhada para praia.

Para cada música, uma cena, uma paisagem mas a personagem da cena, alias de todas as cenas, que se sucedem nesses últimos anos é uma só. Eu mesma.

Não sou mais a mesma mas tenho familiaridade com cada passo, com cada mudança e com cada característica minha. Confesso, que não fui gentil a cada mudança que sofri. Tenho descoberto que me culpo por não ter me mantido igual externamente ao que já fui em outros tempos. Não tenho tido um olhar generoso comigo. E apesar de afirmar que busco relativizar e me proporcionar outros olhares. Dentro de mim, continua morando a minha maior crítica.

Vejo que não sou somente eu que coloca desafios de retorno a fotografia da minha antiga versão. Como se todo o meu esforço e dedicação fosse possível fazer o tempo voltar. Vejo que não fomos ensinados a nos ver dentro da nossa realidade com acolhimento e gentileza.

Fomos treinados a não ver beleza nos detalhes e especialmente a beleza de maneira diversa e com foco na beleza que reflete a felicidade interna.

Podemos muitas vezes, em alguns momentos, perceber a beleza de quem resolve se dedicar a si mesmo e aos seus sonhos. Ou podemos admirar a beleza de quem ousa e busca apostar na coragem de perseguir o que ama para não levar uma vida sem sonho e realização. Mas não entendemos que essa é a beleza verdadeira, a beleza que acende nosso fogo verdadeiro. Aquele que atrai a todos e nos mostra ao mundo.

Não sou mais magra, meu cabelo não é mais preto como era antes, meu peso alterou meu corpo, a dureza dos meus músculos não é mais a mesma por mais que eu me exercite, meu fôlego e disposição mudaram mas eu sei que internamente quando encontro algo que amo, tenho dez anos e me sinto como uma criança pronta a aprender, abraçar e principalmente a me amar.

Por isso, ao conversar com amigas e amigos, estimulo que pratiquemos um olhar com mais gentileza para o nosso sorriso aberto, para a nossa gargalhada escandalosa, para o nosso humor refinado e esqueçamos por um momento que a nossa cintura não é mais a mesma mas que o que importa é que vivemos, ganhamos experiência e podemos compartilhar com aqueles que são o nosso oposto mas querem trocar para tornar a vida mais rica e viva.

Para cada gordurinha a mais eu digo que a encararei com o foco na saúde mas que sei que tenho um sorriso, coração e a alma mais forte, preparada e feliz do que antes. Que minha gentileza e amor comigo, irão me ajudar a ter força para entender que perco um pouco da beleza da juventude mas ganho mas brilho de dentro que ilumina as estradas que virão pela frente. E nesse momento minha crítica interna fica pequena que praticamente desaparece.

Por isso amigos, encarem a si mesmos com gentileza e amor. Vejam a sua beleza. Não se oprimam pelos modelos de beleza inatingíveis e divulguem ao mundo a beleza que do sorriso que habita a sua alma e rosto.

O corpo que caminha para a praia ficará leve, se iluminará pelo sol de verão e se deixará levar pela sua trilha sonora te levando a lugares que você não esperava!

Impermanência é a chave para a liberdade.

Quando crescemos; percebemos que uma das únicas certezas da vida é a impermanência.

Tudo muda o tempo todo, para todos. Podem ser pequenas mudanças, grandes e até mesmo revoluções.

O certo é que mesmo quando achamos que temos todo o controle do mundo, a vida te desafia de uma maneira certeira e pode tirar de você todo o controle que você julgava ter.

A vida é dinâmica e traz ensinamentos. É preciso estar atento à escola que nos candidatamos quando aceitamos a aventura que é viver.

Somos ensinados a pensar que se fizermos tudo corretamente os lucros, ganhos e certezas aparecerão como mágica. Igual ao um jogo quando atingimos um novo patamar e somos presenteados com novas vidas e riquezas. Mas isso é no jogo, não é na vida.

E a vida mostra que não existem regras, caminhos a seguir mas que o caminho inicial e final é o mesmo para todos.

Somos tão habituados a achar que o caminho é igual para todos que adotamos verdades universais como: Vivermos muito até morrermos velhinhos. Que nos apaixonaremos jovens e estaremos sempre prontos para o caminho do sucesso, acreditamos até nos contos de fada. Mas vida faz a sua aparição; muda a regra quando menos esperamos e nos lança no vazio para entendermos que não temos controle algum.

E quando vemos alguém jovem partir, ou perdemos amigos, amores e trabalhos nos desesperamos porque nos damos conta da impermanência da vida e da nossa vida como achamos que ela é. Nesse caso só nos resta a fé para não sucumbir ao desespero.

Esse pensamento já me tirou o sono e criou muita ansiedade algumas vezes. Sou controladora. Porém depois de ver minha vida imaginada ser atropelada tantas vezes pela vida real, comecei a entender que certo mesmo é se entregar a aventura de viver.

E quando falo viver é ser você mesma em plenitude. Estar presente, abraçar, beijar, celebrar, brigar, perdoar, dançar, cantar, fazer o que te faz feliz e principalmente AMAR. O importante é é saber que aproveitou mesmo que tenha sido um dia ruim.

E acredite, os dias ruins depois de algum tempo tomam outras perspectivas. Servem para ajustar as nossas lentes, servem de ensinamento para uma nova versão sua mais forte, mais você e mais pronta para viver.

Entre a vida e morte existe uma única palavra AMOR. Escreva vida e morte continuamente e a palavra amor está lá:

VIDAMORTE

Não é fácil aceitar as mudanças e perdas. É devastador se ver sem nada. Já tive alguns momentos assim mas não troco quem sou hoje depois das vivências que tive. Sinto que não seria eu de maneira completa e até posso, quando me perguntam, falar que sobrevivi e aprendi a viver de outras maneiras. Não melhor ou maior mas do meu jeito.

Viver a impermanência e o momento presente é um exercício muito difícil quando nos damos conta que todas as chaves para a nossa segurança podem não estar conosco um dia. Mas quando eu entendi que só temos o dia de hoje e que posso aproveitar com todas as pessoas que estão comigo nesse momento; encontrei a chave para a liberdade.

Por isso viva o presente plenamente e deixe a vida acontecer! Viver e amar são a resposta!

Presente de aniversário

Sempre tive a ideia de que no dia de aniversário poderíamos pedir ao universo um presente. Eu acho que o presente ideal seria a oportunidade de voltarmos a uma determinada idade do passado. A cada ano que passa essa ideia fica cada vez mais atrativa. Talvez porque a cada ano que envelhecemos ficamos mais nostálgicos e saudosos dos tempos passados como se eles tivessem sido melhores do que os tempos presentes.

Fico pensando ter a possibilidade dessa viagem no tempo no dia 13 de Janeiro; data do meu aniversário. Voltar aos meus 20, 18, 7 e tantas idades passadas quanto possível fosse. Automaticamente, cada pedaço meu, voltando à forma antiga. Nessa parte eu gastaria mais tempo para apreciar cada milímetro meu e o retorno com a consciência dos dias atuais.

Seria uma forma de sentir um pouco o que eu pensava em ter e ser em tempos passados mas também apreciar cada ganho e conquista do tempo atual e presente. Rever de maneira mais realista o que eu vivi e repensar as perdas e ganhos. Ficamos sempre tão focados no que tínhamos e no que precisamos ter que as vezes nem nos damos conta do que somos e conquistamos.

Essa viagem no tempo acontece todos os dias um pouquinho e se nos concentramos com atenção em nós mesmos teremos sempre a certeza de que o agora é o melhor momento. Mesmo com a saudade de quem fomos no passado; eu não me troco pelo que era. Se algumas coisas se perderam ou foram embora é porque de fato, não eram minhas. E a minha versão atual tem muitos investimentos em que eu de fato acredito ser a minha melhor versão atualizada.

Olhando a foto que divido com vocês de tempos passados vejo que tenho vivo em mim muitos dos sonhos que eu tinha nesse época e que eles me acompanham não importam a idade. Muitas vezes eu mesma já me convenci de que já é tarde para eles. Mas a vida, essa eterna brincadeira, me mostra que eles só morrem quando eu não estiver mais viva.

Depois dessa viagem toda que eu fiz, uso esse espaço aqui para compartilhar que somos a soma de todas épocas, experiências e aprendizados. Somos os erros e acertos. Somos os amores e desamores. Somos responsabilidade e desatino e o quanto mais cedo nos entendemos e abraçamos nossas belezas e feiuras podemos deixar mais a nossa marca e aprendizado no mundo.

Não existe uma melhor época, existe sempre a oportunidade de ser você de maneira plena e com total consciência. Por isso, não desista de você. Estamos aqui para buscarmos e sermos encontrados. Por isso, aceite o convite, aprecie a viagem, e ame e aprenda o máximo que puder.

Comparação aquele inimigo disfarçado de amigo

Sou uma pessoa competitiva. Gosto de me desafiar e ganhar. Isso é um propulsor mas como tudo na vida tem que ter uma medida certa.

E, por muitas vezes, pela sede de ganhar e de competir, perdi a medida, exagerei e me perdi.

E é sobre esse local de perda ou o sentimento de perder algo que quero falar. Porque é nesse local que vem um dos hábitos que pratico e que mais me castigo. O hábito de me comparar com as pessoas.

Comparação nos ajuda a identificar possíveis melhoras, estratégias e mostra novos caminhos ou formas a seguir e quando usamos essas informações nos levamos a lugares melhores. Porém, quando usamos a comparação e esquecemos de olhar as histórias com profundidade, podemos cair em armadilhas.

Armadilhas essas que nos colocam em lugares menores, sem sucesso, sem ganhos. E isso é ruim demais! Eu confesso que sou frequentadora dessa situação com frequência e que quem mais me ajudou a entender que isso não vale a pena foi a terapia!

Me lembro que quando comentei do meu sentimento de sentir que não estava indo tão bem na vida, que não tinha conquistado tantas coisas, tive uma pronta e certeira resposta: Não devemos nos comparar a ninguém!

Depois dessa resposta vieram reflexões poderosas:

  • Cada um tem sua história
  • Cada pessoa é única e estamos aqui para aprender
  • Se comparar sem profundidade nos leva a julgar e não entender que cada pessoa tem seu tempo

Tenho pensado muito sobre isso nos últimos dias. Tenho de fato visto que essa competidora que mora em mim e seu hábito de comparar precisa ser revisto e preciso acolher com mais carinho a minha história.

Tenho coisas a melhorar? Sempre! Mas tenho que reconhecer cada queda que tive e que sem elas talvez eu não teria aprendido tanto. Por muitas vezes é duro se manter positiva. A vida não ajuda. E nessa hora, precisamos nos dar colo. Não para passar a mão na cabeça e nos vitimar mas para ter um tempo para respirar e resgatar o nosso cuidado e amor próprio.

Escrevo para dividir com você que ao se comparar a gente se imobiliza e acaba não dando valor a sua história. E isso é uma super perda de tempo. Se estamos aqui é porque temos importância e podemos escrever a nossa história da melhor maneira e com muito amor. Não perca tempo se comparando e se torturando.

Esse texto é também um agradecimento a todos os terapeutas que se devotam a ajudar a gente a enxergar e se ver com olhos amorosos. Um agradecimento repleto de amor e respeito por todos vocês que nos fazem melhores, sempre!

Sentimento de impotência. Até quando?

Essa semana, depois do ocorrido no Afeganistão, recebi de uma amiga o envio de uma citação da Simone de Beauvoir que caiu como uma luva no sentimento que me invadiu:

“Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida”

Após ler essa frase me senti ainda mais o cansaço da luta diária. Tenho plena noção do meu privilégio. Trabalho, tenho educação, casa, comida. Mas quando me separei e me vi com uma bebê de 03 meses no braço, senti um abandono enorme e me deparei com uma luta diária para defender meu direito, minha sobrevivência e a sobrevivência da minha filha. Tive que correr muito atrás de direitos, indo a justiça para defender o básico e cada vez que temos que lutar com todo o peso das responsabilidades diárias, temos que buscar uma força maior ainda do que a que supomos ter. A briga é tão grande e extensa que; algumas vezes ficamos caladas; não por ter vontade mas por não termos forças.

Me pergunto como ainda em 2021, estamos vendo tantas lutas para defender direitos que já deveriam estar solidificados e alguns retrocessos em algumas áreas. A consciência chora ao se dar conta que no Brasil e no mundo o direito feminino está sempre no abismo de ser desconsiderado. Somos uma parte fundamental da população com representatividade e muita história de luta. Até quando teremos que ver nossos direitos serem questionados e mudados e nos colocando em lugar de vulnerabilidade? Presenciar ainda no mundo o direito negado ao estudo, a ser quem você deseja é exasperador.

Expomos muito nosso descontentamento nas mídias sociais e tivemos que nos manter fora de protestos presenciais devido a pandemia mas acredito muito, que com a melhora nesse campo da saúde, se faz urgente mostrar aos que governam e aos que legislam que somos uma potência e que estamos atentas.

Precisamos lutar por mães solteiras que mostram cotidianamente suas entregas ao mundo sem nenhum apoio. Precisamos inspirar as meninas do mundo a abraçarem o estudo e entenderem que sua carreira é uma parte fundamental da sua vida. Precisamos buscar incentivar conhecimento desprovido de preconceitos para que as mulheres abracem o mundo que elas merecem. Precisamos conscientizar de como as mães se viram sobrecarregadas na pandemia. São tantos os assuntos que precisamos nos unir e mobilizar para não perder mais nenhuma das batalhas já ganhas e recuperar algumas que foram perdidas.

Se faz urgente que partamos para a ação e lutemos por agendas que não ignorem ou excluam a inclusão da pauta feminista. Além de vigilantes teremos que retomar pautas do direito feminino e mostrar que as nossas conquistas vieram para ficar. Precisamos mostrar a força que temos e que mesmo sem apoio ainda conseguimos vencer. Essa última frase não é para “glamourizar” o sofrimento mas sim um alerta do que poderíamos ser com os incentivos corretos.

Somos potência e precisamos ser respeitadas como tal e no atual cenário para ganharmos o respeito precisamos nos fazer notar e protestar. O mundo precisa da perspectiva feminina dona de si e livre.

Hoje me visitei….

Recentemente minha filha me falou que a obra do Almadóvar estava disponível na Amazon Prime.

Me lembrei de como eu corria na época da faculdade para ver os lançamentos de seus filmes.

Seu estilo melodramático, feminino, focado nas angústias, ansiedades me deixavam sempre apaixonada.

Me influenciaram tanto que minha monografia na faculdade foi sobre o melodrama no cinema na América Latina.

Acho que meu fascínio tem a ver até com o meu nome duplo. Aquele que sempre escondi por vergonha mas que combina maravilhosamente com uma novela da Televisa.

Hoy en la novela Vida e dor, apresentamos Alessandra Marcia como Manuella. Sim, me chamo, Alessandra Marcia.

Imagine para uma criança aprender a escrever e já ter como missão dois nomes que juntos somam 16 letras… Isso sim é drama!

Fascinada pelas histórias femininas me vi apaixonada pelo Almadóvar. E de todos os filmes dele; o que mais amei sempre foi: A Flor do meu segredo.

Tenho ele tão decorado que, sei de cabeça frases e trechos. Contei uma das cenas para uma amiga que em uma casualidade da vida veio a trabalhar na empresa citada no filme. Me identifico com a Leocadia, personagem principal e seus dilemas. Vivi um amor parecido com o dela. E como ela, sobrevivi.

Hoje, quase 30 anos depois de ter visto o filme no cinema, revisitei ele na Amazon Prime com minha filha e voltei no tempo. As mensagens, impactos ainda estão lá. Muitos dos sentimentos superados mas a doçura dos encontros femininos e de como podemos ser solidárias, engraçadas e praticamos empatia tocaram o meu coração e me recordaram da mulher que eu sempre desejei ser e continuo a buscar.

Intensa na minha procura e identidade. Focada em entender ao próximo e a mim. Não deixando me abater e sempre lutando pela minha identidade e meus amores.

O que mudou em mim é que o meu foco era muito o amor projetado no outro. E com o passar do tempo tive que voltar a focar no amor que tenho por mim. Amor que era pouco e me fez viver situações que hoje me pergunto porque.

Vendo no filme a Leocadia, atriz principal da trama da Flor do meu Segredo, mentalmente disse a ela:

– Já fui como você, Leo! Hoje, consigo ver que o amor não é esse sentimento de perda e posse. Queria te dizer minha amiga, que tenho lutado a cada dia para reafirmar que tenho meu valor e que o amor tem que chegar para somar e não para me completar.

Leo, me olha e me responde com muita calma:

-Que bom que você cresceu! Eu sabia que você podia. Afinal, estou aqui nesse filme mostrando sentimentos que você já teve mas que eu sempre soube que você podia superar! Aproveita e retoma a sua arte, contamina a todos com a sua alegria!

Essa conversa imaginária que faço aqui e da Leo que encontrou espaço em mim há quase 30 anos atrás e que hoje me mostrou que a arte é algo mágico. A arte mostra que dentro da gente tem muito espaço e riqueza.

Dentro de mim, em um cantinho escondido, muito lindo e que eu aprendi a apreciar.

Que o melodrama e os amores nos desafiem sempre a nos revisitar, amar e finalmente brotar!

Cinema….

Fim de semana chegou!
Nem praia e parque porque a chuva imperava.

Chove chuva...chove sem parar!

Criança e mãe em casa e Alice nas telas. Nada mais divertido do que ir ao cinema para a dupla. Partimos com destino certo, compramos o ingresso e aguardamos a sessão.

Esqueci que não somente eu mas, boa parte das pessoas que moram no Rio de Janeiro, tiveram a mesma idéia.

Tudo bem! Vamos nos divertir, basta não passear no shopping e ficar na fila do cinema.

Mas, não é que esperar nos faz observar!

Em primeiro lugar, vejo o pedido deseperado do bilheteiro em colocar a fila reta. Parece simples mas não é…Após a chamada do porteiro vejo uma mãe com um olhar perdido (prefiro pensar assim…) se encaixando na fila ao invés de ir para o final dela. Como o meu olhar não estava perdido, passo a encará-la e ela, sem jeito, pergunta:

– A fila não é aqui?????

Eu respondo:

-Minha senhora, a fila está fora do cinema e a senhora fora dela!

Ela responde

– AHHHHHH

Tem gente que nem na escola aprendou a enfrentar fila!

Depois, vemos que a sessão termina mas, não podemos entrar na sala. Me pergunto porque?

Eis que surge o bilheteiro e nos explica:

– A sala está sendo limpa e vocês tem que aguardar…..

Eu aguardei 10 minutos e não estou exagerando.

A sala foi entregue limpa mas demorou dez minutos, pensei. Sabe porque? Porque a sala foi entregue IMUNDA!

Desde pequena minha filha me pergunta:

– Mãe, onde eu jogo o lixo?

Eu respondo:

– No lixo!

Parece simples mas não é! Além de falar, eu jogo o lixo no lixo! Inclusive o que consumo no cinema! O copo, a embalagem das pipocas e demais gostosuras saboreadas! Pois para filho não bastam palavras, tem que ter o exemplo!

Mas me parece que nossa população assim não o faz! Porque já fui em cinemas de vários bairros e no final da sessão vejo todos caminhando em direção a saída e deixando para trás o seu rastro de consumo.

O rastro que mais me deixou assustada foi o do cinema do Shopping Leblon, que tinha papel de bala pelo chão!

Além de ter que ver que as pessoas não pensam no lixo, chego a uma outra conclusão:

– As pessoas pensam que é obrigação dos funcionários do cinema arrumarem o seu lixo.

Além de pensarem assim elas também não pensam no próximo. Porque se pensassem, veriam que ao jogar o seu lixo no lixo, a sala seria arrumada de maneira mais rápida e consequentemente os próximos se acomodariam antes na sala e não se cansariam de esperar em pé na fila!

Se você faz sua parte, passe essa idéia adiante. Caso esteja no grupo do deixa que o funcionário limpa…Pensa um pouco na gentileza de poupar o seu semelhante. Quem sabe um dia você será poupado!

Afinal, como dizia o profeta: Gentileza, gera gentileza!

Ausência…

Nesse período em que estive distante do blog aproveitei para ler e me atualizar.
Li, de tudo um pouco, me diverti e aprendi muito.
O livro que mais me marcou foi o biografema da Nise Silveira.

Nise da Silveira

Vi em sua vida e luta, exemplos e referências que direcionam.
Mulher nascida no início do século passado, Nise se formou em Medicina em 1937.
Quando veio para o Rio, a cidade fervilhava e Nise por ser intelectual e inquieta aproveitou todas as oportunidades e viveu grandes desafios pessoais.
Digo oportunidades pois para mim, as dificuldades são oportunidades disfarçadas e, acredito que quando somos inteligentes, transformamos as dificuldades em oportunidades de crescimento e aprendizagem.
Nada na vida dessa mulher foi fácil. Sua luta para se estabelecer como mulher, profissional, ser humano foi intensa e se existiu uma caraterística que a marcou até o final de sua existência foi a capacidade de se indignar até o fim.
A vida de Nise foi dedicada aos marginais, aqueles que não se encaixavam e que foram taxados de loucos.
Ela nunca os escarou dessa forma e em uma luta contínua mostrou que se podia mergulhar junto com essas pessoas e resgatá-las de seus mundos particulares.
Seu trabalho é reconhecido mundialmente mas eu fiquei triste por desconhecer sua obra.
Isso me fez pensar que muitas vezes o que realmente importa é esquecido.
Vejo hoje na cultura das celebridades ídolos que nada tem a oferecer.
Vejo na mídia a necessidade de fazer mitos. Mitos estes que, em sua juventude, perderam-se nas drogas e muitas vezes morreram por excesso delas. Mas não vejo a mídia mostrando aqueles que dizem não e buscam a felicidade no cotidiano.
Pois bem, gostaria de dizer, a Nise, mesmo falecida, que admiro sua trajetória de trabalho, vida e convicção.
Me espelho nela. Nela encontro força e convicção para saber que as coisas boas estão fora do quadrado e que requerem muito trabalho e convicção.

Porque a maior lucidez está em viver a vida com plenitude.
Nunca se esquecendo de você e do próximo.
Quem quiser saber mais sobre a Nise pode ler seu livro, brilhantemente escrito, por Bernardo Carneiro Horta. O livro se chama Nise, arqueóloga dos Mares.
Existe vasto material na internet também.
Pesquisem, estudem mesmo sem saber o que e o porque, depois tudo fará sentido.

Caminhe e descubra....

Produtos Criativos ! Verdade ou consquência!

Ando cansada de ser educada.
Dá muito trabalho, ser educada.
Principalmente, onde, hoje eu vivo.

Paraíso da Beleza e do Caos!

Cheguei a conclusão do seguinte fato:
Ser educada, gentil e consciente me leva ao mau humor todos os dias!
Sim, mal humorada!

Arghhhhhhhh!

O pior, é que a consequência desse mau humor somente me prejudica!
Mal humurada, fico mais velha mais rápido!
Minha cara de poucos amigos me deixa antipática!
Fico tão insuportável que, pareço viver em constante TPM!
Pensei que deveria encontrar uma maneira de transformar o meu mau humor.De encontrar uma maneira divertida, de educar aqueles que nem prestam mais atenção na falta de educação, gentileza, arrogância!
Afinal, o cérebro serve para isso mesmo, se reprogramar!

Já que o cérebro é meu, resolvi propor a criação de produtos educativos. Ao longo de uma série de posts, vou dividí-los com vocês. Quem tiver sugestões pode compartilhar!

O primeiro deles seria o produto “verdade ou consequência”.
Com esse produto, ao entrarmos em um meio público de transporte, através da leitura dos nossos olhos, igual a Minority Report, o próprio meio de transporte, saberia nossa idade, nossos estado de saúde e nos indicaria onde deveríamos nos posicionar no ônibus, trem, lotada, barca e todos os demais.
Para mim seria o máximo! Imagina, o cidadão e cidadã que ignoram o barrigão de sete meses, escutando em voz alta:
– Caro senhor, poderia dar a vez a senhora grávida que se encontra na sua frente?
Ou então, aos surdos e cegos por escolha, serem levados a visão e a audição para darem o seu lugar ao idoso que quase não se aguenta e que está na sua frente!
Em casos extremos, poderíamos, e ai confesso, a minha maldade, criar um choque que expulsasse a pessoa do lugar. Prometo que seria algo leve, somente para lembrá-la de ser gentil!

Imagina então no metrô, no carro das mulheres, quando entrasse homem:
– Felicitamos ao Senhor Rodrigues por assumir sua porção feminina de maneira tão completa mas lembramos que o seu carro é o próximo!

Seguramente, minha viagem seria muito divertida! E ainda por cima, acredito que eu não seria a única a me divertir!

Falando sério, deixando isso tudo de lado, fico pensando em como ainda não acreditamos na educação!

Temos que todos os dias ver um modelo de governo punitivo atuar porque não educamos ninguém!
Temos que ter multas, que são verdadeiros choques, para que haja respeito, ao básico, quando na realidade a solução para isso seria somente ser educado e lembrar das regras.

Mas, ser educado, é ser minoria.
É brigar todo dia.
E por essa razão, ainda, eu tenho que ficar de mau humor e brigar todos os dias!

Eu vou continuar brigando!
Porque acredito que no futuro, com educação, o mundo será mais justo e um lugar melhor de se viver!

Eu não posso deixar de acreditar!
E espero que você também não!